quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ausência

Esperançoso sopro de amor,
ausência que se faz branda dor.
Viço que me fez existir um dia vivo,
suga hoje qualquer vital alento altivo.

Hora do dia em que se fez mais bela à temporada,
não mais brilha, nem brinda o crepúsculo, a alvorada.
Suave toque da brisa não mais inebria minha’lma,
peço um grão cósmico da poeira ávida que me falta.

Teu sorriso no meu melancólico caminho se faz cor;
Um passo para escassez da minha assombrosa dor;
Sou o espinho capaz de abrandar a mais suntuosa flor.

Hoje o sol não vai brilhar, hoje tudo vai mudar;
Hoje a porta vai se abrir, alguém vai se ferir,
Hoje não vou mais pedir pra você ficar.


Por Léo Jorge  


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Evasivos

Pálida mulher de cabeleira negra,
de beleza fria, de íntimos encantos.
Triste, maldito, te desejo mais que tudo,
amor meu, não sei existir dessa maneira.

Inserto amor vicioso, espécie incomum,
preciosidade de mulher rara, falaciosa.
Apesar da dor, sei sorrir atormentado
por tua ausência, tristes dias, vazios, escuros.

Não existirá no mundo outro alguém, enlouqueço,
ausento-me, retorno, nada se altera, sei esperar,
pois que permanece em mim, única convicção.

Haverá o dia em que me perderei por teus olhos evasivos;
Haverá o dia em que me encontrarei em tua boca abrasadora;
Haverá o dia que será o fim de minha insana angustia.


Por Léo Jorge




domingo, 16 de maio de 2010

Adágio

Adágio, aforismo
preenche-me todo o dia;
Impede-me concretizar afeito,
rotina, insiste tornar-se poesia.

O receio, os amores, a essência,
a agonia, o medo e o pensamento,
a atraente, dura e crua existência,
a mulher, o ter e o poder, tormento.

Cômoda luxúria, alento, afeição.
Aconchego, lubricidade, dedicação.
Conforto, libidinagem, compreensão.

Inusitado, estranho, único sentimento
divino e nobre, não se pode no entanto
quão grande amor ser alcunhado.Lamento!


Por Léo Jorge



sexta-feira, 14 de maio de 2010

Lúpulo

Não aprendi a padecer;
Não aprendi a perder;
Minha sensibilidade não
deixa-me transcender.

Cada vez que perco,
sinto-me enfraquecido;
Sinto-me quase nada,
perdi até minha'lma.

Sei que não pertenço a este
mundo, não me iludo;
Só quero ficar mudo.

Oh! Lúdico, lúcido, lúcifer;
Embriaga-me totalmente;
Entorpece-me, luterano lúpulo!


Por Léo Jorge